quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
UM REGISTRO VIVO DE MAIS DE 436 ANOS...
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
MÚSICA !
A senhora na minha frente reclamava o tempo todo da falta de espaço e que o banco estava atravessado atrapalhando a visão dela sobre a orquestra. Um senhor a uns três bancos atrás de mim não parava de tossir. Finalmente depois que o barulho das conversas e os murmúrios cessaram, a igreja contendo mais de 300 pessoas se acomodou; parecendo ali como se não tivesse uma só alma viva naquele lugar! Todos em extremo silêncio esperando a apresentação. O maestro saiu lá de dentro concentrado por reger uma das melhores orquestras do país... Quando cumprimentou a todos com um leve aceno com a cabeça, se prostrou de costas para a multidão e o anunciante falava serenamente ao microfone o que iria se escutar naquela noite chuvosa e fria. Iriam executar a Sinfonia Concertante em E menor de W.A.Mozart – essa maravilhosa sinfonia foi feita sob encomenda por um nobre francês em pleno século 18. Essa obra rara é divida em três movimentos: o primeiro allegro, o segundo um andante e um terceiro para finalizar um presto com uma harmonia alegre e empolgante; foi escrita para um dueto de uma viola rivalizando com um violino e seguindo o acompanhamento de toda a orquestra, entre arranjos e acordes que entoavam e enchiam todo o ambiente da igreja. Quando o maestro levantou as mãos, imediatamente todos os músicos incorporaram uma atenção espetacular de prontidão esperando o aceno definitivo para o começo da execução. Ao descer as mãos o maestro parecia querem voar livremente gesticulando conforme o andamento da musica: um allegro cheio de vida! As pessoas em seguida adquiriram uma expressão de contentamento, resultado da melodia viva e alegre que emanava de toda a orquestra. Todas as pessoas estavam concentradíssimas admirando a atuação de todos os músicos – desde os primeiros violinos, o spalla, os contra baixistas... Aquela melodia era divina, combinava com tudo dentro da igreja – até nos esquecemos do ar gélido que corria na rua naquela hora da noite. Quando o primeiro movimento havia terminado e o segundo já estava nas partituras do maestro o silêncio tomou conta de tudo novamente. O segundo movimento era triste... Um andante triste e pesado que agora combinava com o frio mórbido e a chuva intensa que alagava a entrada da igreja e gotejava forte contra os vitrais dando um aspecto fantasmagórico nos rostos dos santos ali retratados...E para finalizar o presto alegre novamente - como se o maestro quisesse dizer para todos esquecerem o frio e a chuva. Aquilo encheu novamente de alegria a igreja; todos estampando timidamente a vivacidade daquela melodia... Ao término da apresentação: somente a última atuação da última nota dentro do compasso e um grito de “ bravoooooooo” logo atrás. É... realmente sem dizer uma só palavra a orquestra conseguiu expressar o sentimento bonito que uma boa música nos traz. Como dizia Beethoven: “ somente a música tem o poder...”
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Estamos Sozinhos ?
Os gregos atomistas tinham razão em afirmar que tudo era constituído de partes mínimas, montados como blocos precursores de matéria ...mas eles não sabiam que os átomos eram ainda formados de objetos ainda menores.
Seria um desperdício de espaço pensar que somos os únicos no Cosmos. Afinal: as moléculas que vagueiam nas nuvens moleculares interestelares também são constituídas de moléculas que também nós somos feitos. Seria então uma questão de tempo para a formação de sistemas vivos, de organismos que poderiam levar essa denominação, que poderiam carregar agora um denominação de Vida! Tempo, é a chave para o entendimento de todos esses processos que levam até nós e também, possivelmente, de outros seres capazes de reflexões semelhantes a respeito de tudo isso ou até mais com uma tecnologia muito mais avançada – somos apenas um estágio de todo o processo entrópico e evolucionário do universo.
O universo é algo grande... algo que as nossas unidades de medidas não fazem o menor sentido para tentar medir algum parâmetro de quão longe e quão imenso é o lugar onde moramos. Ainda não temos uma tecnologia para avistar os objetos mais distantes que os atualmente conhecidos...a ciência e o conhecimento caminham com passinhos lentos. A distância entre os corpos que constituem o meio interestelar é magnificamente grande! A estrela mais próxima de nós é Alpha Centauri, a luz leva 4,3 anos para chegar até nos..ou seja teríamos que viajar 4,3 anos na velocidade da luz para chegarmos nela... E viajar na velocidade da luz é impossível, pelo menos agora, para a nossa tecnologia atual; com as máquinas construídas atualmente para possíveis missões assim, elas levariam alguns bocados de anos para chegar na vizinhança do Sol. Pois é ..estamos fadados a não se comunicar com os outros nossos irmãos intergalácticos...confinados em nosso planeta pela nossa adolescência tecnológica, e infelizmente pelas incomensuráveis distâncias dos objetos no universo.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
...Um sonho jesuíta
Olhando pela janela do ônibus eu pensei comigo: “ como o nosso planeta ficou pequeno, e como nós o modificamos...” Desde o neolítico, quando a nossa espécie inventou um monte de coisas: desde a roda ao arado, agricultura e a organização social altamente complexa característica única nossa; de lá para cá modificamos o nosso ambiente em que vivemos. Tornamo-nos os “senhores” desse grão de pó flutuante no espaço ... Ocupamos quase todos os recantos do nosso planeta e isso implica a facilidade de deslocamento e o encurtamento das distâncias e uma abrangência de espaços em função do desenvolvimento das nossas tecnologias. Tudo ficou mais rápido, mais perto ...Das nossas plantações e criações de alguma cabeças de gado no passado, à inúmeras faixas de terra cultivadas e inúmeras, talvez até mols de cabeças de gado !
Toda a paisagem de Santo Ângelo das Missões se mostrava totalmente recortada por faixas cruzadas de floresta nativa, o pouco que sobrou da original em função da agricultura. Pelo que vi pela janela do bus e pude distinguir aos poucos, pela velocidade que o ônibus passava, que eram plantações de trigo (Triticum spp) , milho (Zea spp.) e girassóis (Helianthus annuus) . Longas e extensas faixas de perder de vista ao longe e todas assim: todas recortadas e repletas de lavouras divididas por essas faixas do pouquinho de floresta que sobrou. Quando éramos tribos que sustentadas pela caça local e uma agricultura medíocre, tínhamos um pouco mais do que alguns metros de cultivos que daria a subsistência a nossa família e ajudava na relação e fortalecimento do nosso grupo pela troca e escambo. Hoje, as nossas plantações cobrem hectares e mais hectares - modificamos amplamente o ambiente! E elas não pertencem a grupos, e sim a alguns donos; alguns afortunados proprietários de faixas astronômicas de terras...Isso acarreta uma série de complexas adversidades políticas envolvendo muitos partidos, cada um reivindicando um pedaço daquela terra.
Toda a espécie tenta se manter no seu ambiente, modificando-o de acordo com as suas necessidades: todos os organismos fazem isso ... Certamente aquela região, antes da ocupação humana, tinha uma biodiversidade que hoje se encontra só os resquícios, alguns capões que ainda guardam a beleza de antigamente quando as modificações inatas à natureza aconteciam naturalmente; não quer dizer que não sejam bonitas as extensas terras douradas pelas folhas amareladas do trigo e o verde vivo das folhas do pé de milho que nos encanta ao reflexo dos raios do sol e a beleza instigante dos girassóis todos virados para a fonte de luz ...
Ao longo de toda a história das ocupações humanas em todo o nosso planeta, certamente uma dessas relações, uma das mais importantes já ocorridas foi acarretada por duas nações que no passado mostravam o seus esplendores em navios e conquistas pelas terras “descobertas”. Essas nações eram Portugal e Espanha. Certamente eles não seguiram seus próprios mapas que nessa época, no auge resplandecente da renascença do século XV se tinham; e sim seguiram os passos deixados pelas frotas Chinesas dos comandantes Hong Bao e Zhou Man que passaram pela América uns 30 anos antes da “descoberta” dos europeus.
A Reforma de Martinho Lutero estava sacudindo a Europa nessa época. E a Igreja católica exigia alguma mudança em relação a isso - o clima político europeu era conturbado, marcado por guerras e disputas políticas e religiosas que derramaram o sangue de muita gente. Surge então a idéia de construir o Vaticano, a Companhia de Jesus era criada e a contra-reforma tomava volume para enfrentar a crise entre cristãos e cristãos reformados. Os jesuítas logo se adiantaram quando Inácio de Loyola, em 1540, criara essa ordem monástica, enviando os padres à missões evangelizadoras pela selva a dentro sul-americana, tanto para “arrecadação” de almas como para delimitar os territórios espanhóis onde os portugueses abusados já estavam tomando conta fundando colônias e adquirindo espaços em solo espanhol. Esses redutos tinham o objetivo tanto militar quanto religioso - e os jesuítas se auto diziam os soldados de Cristo - realmente eles tinham razão. Nessa época não deveria ser nada fácil a conquista desses lugares tomados de floresta e índios desconfiados daquela gente branquela e de hábitos estranhos; em um calor e úmido da densa floresta aqueles homens de fala mansa, vestidos com umas roupas longas de cor preta levando consigo uma cruz e extremamente inteligentes; dominado conceitos desde a culinária, astronomia, arquitetura e matemática até o domínio do idioma Tupi-guarani, que foi um fator fundamental para a catequização.
Hoje se encontram somente ruínas do que fora um modelo de república dentro de uma monarquia absolutista; pode-se dizer que idéias de Marx e Angels dominavam a cena muito antes deles aparecerem; as Missões eram constituídas por trabalho sistematizado, as moradias organizadas em lotes apropriados; onde existia ateliês, oficinas, esculturas, hortas e pomares e muita oração. As missões para os jesuítas eram muito mais do que um conquista política-territorial, era certamente um sonho; um sonho acalentado desde a partida da Europa; onde realmente eles poderiam agregar o rebanho de Cristo (ad maiorem gloriam Dei) Aqueles índios mansos de olhares curiosos ..talvez prontos ou não para terem um choque cultural que eles jamais iriam se recuperar!
No espetáculo de Luz e Som apresentado no local revive as glórias do império Guarani, dos ideais de educação que hoje nosso país não conhece; dos ideais revolucionários do Sepé Tiaraju, onde ele morreu com uma lança encravada nas costas e uma bala nos peitos ..morreu reivindicando um direito indígena: Esta Terra Tem Dono ! ...As luzes falam as palavras talvez ditas pelos padres incríveis e pelos índios artistas e músicos que lá viveram e presenciaram uma das maiores chacinas da história da nossa espécie: a Guerra Guaranítica.
Um sonho acalentado por tanto tempo, um reduto cuidado com tanto carinho e dedicação e justamente por causa dos interesses políticos regentes na época foi-se por água abaixo... Os padres deixaram um legado cultural impressionante - uma experiência de vida sem igual em contato com os índios que tanto eles amavam. Os índios nos deixaram uma Vida de arte, de simplicidade e dedicação. Hoje podemos conferir tudo isso em cada pedra encaixada das ruínas; em cada índio que vende o seu artesanato, em cada silêncio que nos fala pra quem sabe escutá-lo que ali viveram uma população exorbitante de pessoas regidas por dois padres que escreveram uma das mais incríveis e impressionantes páginas da história do nosso Estado!
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Pulvis stellarum sumus ! .... potes credere!
A nossa espécie certamente é a maior pressão seletiva no planeta; desde os processos climáticos até as demais espécies que convivem conosco estão mudando. Estamos acelerando os processos inerentes à Natureza, como extinções em massa, inundações e catástrofes; antes tidas como eventos naturais no decorrer dos milhares de anos. Mas atualmente as aceleramos em um ritmo nunca acontecido, e sem dúvida cronometramos a nossa extinção em uma contagem regressiva. Para muitos cientistas, a colonização de planetas será uma realidade um tanto necessária, devido às condições de sobrevivência que encontraremos aqui, no nosso planeta, em função dessas mudanças abruptas. Mas para isso ocorrer será necessário muito empreendimento conjunto e poucos serão os afortunados a encontrar outro refúgio no Sistema Solar ou talvez fora dele; e ocorrerá um efeito de gargalo - um processo conhecido em Biologia Evolutiva: onde de uma população inteira, com o passar do tempo e das mudanças no ambiente, restam apenas alguns e esses colonizam um novo ambiente... A melhor solução é cuidarmos do nosso único lugar no Universo, o nosso pálido ponto azul. Em pensar que não estamos sozinhos nos enche de mistério e emoção; entender como o Universo funciona entender como toda essa estrutura se arranja de uma forma elegantemente intrincada e compreender os processos que regem todas as belezas que enxergamos em uma noite de céu limpo. Certamente não estamos sozinhos - os mesmos átomos que controlam a acidez do nosso estômago estão também presentes no Sol com o seu combustível proporcionando energia para as entidades vivas aqui na Terra. Isso comprova de que tudo no espaço contém as mesmas propriedades físicas e químicas, temos todos nós: todos os organismos, todos os átomos, todas as estrelas: uma origem comum!
domingo, 2 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
EVOLUÇÃO E FORMAÇÃO ESTELAR
Estrelas como o Sol aparecem aos nossos olhos como pontos luminosos no céu. Elas são de fato enormes bolas de gás cada uma emitindo enormes quantidades de energia a cada segundo em uma batalha perdida contra a implacável força gravitacional gerada pelas suas massas titânicas! A radiação emitida pelo Sol constituí a fonte primária de energia para a maioria dos organismos na Terra. O nosso Sol é uma entre 100 e 400 bilhões de estrelas com uma vastidão enorme de diferenças e propriedades astrofísicas na nossa Galáxia, a Via Láctea! Em nossa galáxia as estrelas existentes constantemente nascem e morrem. O material no qual as estrelas sao feitas é fisicamente e quimicamente alterado dentro das estrelas durante todo o curso dos seus tempo limites até à morte. Praticamente, todos os elementos mais pesados do que Hélio - e desse modo, todos os componentes para moléculas orgânicas necessárias para a formação da Vida ( astronomy + biology) são produzidos pelas estrelas. No final da vida da estrela, esse material é retornável donde ele veio: o meio interestelar ! O meio interestelar contém uma mistura de gás ( átomos e pequenas moléculas) e poeura que penetram na galáxia inteira. É no meio interestelar onde há formação de estrelas, planetas e significantemente a Vida !
sábado, 25 de outubro de 2008
Um encontro inusitado !
Apesar de todo e mal que lhe castigava, e todas essas chuvas que lhe deixavam os ânimos em estado de nervos - ele conseguia tocar a sua vida nos passares de todos esses dias até o grande momento, que sem saber, seria então, um dos melhores da sua vida!
Segundo a sua lembrança do seu breve, inusitado e alegre encontro sem olhares e nem cumprimentos, ele caminhava em passos apressados. Não, dessa vez era final de ano e o tempo se mantivera firme e era uma manhã limpa e abafada; sem nuvens, os raios do Sol inundavam a tudo que tocava. Enquanto mentalizava que não podia se atrasar, eis que algo maravilhoso e mágico lhe acontecia! Ela saia do portão apressada. A sua batida com o portão exprimia que no mínimo estava um tanto atrasada - e muito menos com algum módico motivo para olhar para os lados para ver quem pudesse acompanhá-la até a parada de ônibus. Todas as coisas ao redor pareciam sem nenhuma importância. Ela não se importava com a luminosidade do sol e muito menos com os pássaros a cantar desesperados em função do calor àquela hora da manhã. O que realmente ela estava se importando era chegar na parada de ônibus o quanto antes e não levar um possível advertência do seu chefe. Ele a observava com um olhar de ternura, admiração e espanto... E também se esforçava para não ficar para trás e tentava acompanhar o ritmo de caminhada dela que era mais e mais rápido. Nossa!, ela era tão bela, tão formosa...que lhe parecia tão diferente do que na tela do computador que a dias e dias ele a olhava constantemente. Aquilo não podia ser verdade. Alguém que ele a encontrara somente na internet, agora estava ali: na sua frente caminhando rápido, apressada e jamais imaginaria quem estava ali atrás. Ao se aproximarem da avenida principal, onde os carros não dão uma única chance de atravessar, ela logo se posicionou na beirada do asfalto contando com um intervalo que os carros a deixassem passar o mais rápido possível e ele viera logo atrás, um tanto cauteloso; com medo talvez de ela lhe conhecer. Mas ele não se atreveu a se aproximar muito e começou a dar alguns passos vagos e manteve uma certa distância, e mesmo assim além do pensamento de também atravessar para embarcar no ônibus ele não tirava o seu olhar dela... A primeira travessia se efetuo com sucesso; ela estava agora entre as duas avenidas e ele continuava querendo atravessar - querendo não, fizera isso de propósito para evitar um contato mais próximo. Mas logo depois dessa decisão ele não pode evitar uma travessia, tinha que aproveitar o momento em que os carros não estavam passando; aproveitando isso ele atravessou rapidamente. Ficaram agora, os dois, lado a lado. Ela com certeza, o conhecia muito vagamente; ele a conhecia mas não quis a cumprimentar. Ali também não era o lugar para cumprimentos, geralmente em avenidas movimentadas e caóticas não se tem lugar para esse tipo de coisa, o que se espera o quanto antes é uma travessia segura. Ela chegara primeiro a parada do ônibus, apressada desde a saída de sua casa. Ele ainda continuava entre as duas avenidas, olhando-a fixamente enquanto apenas os vultos dos carros passavam diante dos seus olhos; o seu olhar estava fixo nela nesse momento, admirando toda a sua beleza. Nenhum traço escapava agora, podia olhar sem restrição de nada - ficara ali admirando-a, seus cabelos lisos reluzentes, seu corpo delineado pela calça jeans um cinto cor marrom e uma blusa cinza. Toda aquela combinação de roupa nela ficava esplendorosamente bem!... Finalmente decidiu atravessar. Correu em passos firmes e delimitados; não correu porque sabia que ela ainda continuaria ali esperando o ônibus; tinha certeza que ela estaria ali, e então poderia sem problemas dar um oizinho, ou apenas um sorriso contente com um pouco de vergonha. Quando chegou até a parada ela não estava mais - a porta do ônibus estava aberta e ele viu somente o seu semblante escurecido contra a luz dentro do ônibus, pagando a passagem e indo embora ...
sábado, 18 de outubro de 2008
Recentes dados cosmológicos indicam que a formação das primeiras estrelas talvez ocorreram 200 milhões de anos depois do Big Bang; Essas estrelas massivas nasceram da contração gravitacional de nuvens de gás dominadas por hidrogênio e hélio nos halos de matéria escura. As investigações dessas estrelas talvez proporcionem pistas para uma compreensão mais detalhada para essas primeiras gerações de estrelas e super-novas as quais estão distribuídos os primeiros elementos pesados do Universo; inclusive esses elementos que encontramos atualmente no nosso planeta provém de explosões dessas super-
novas antes da formação do disco de matéria que originou o nosso Sistema Solar e a nossa Galáxia. O ciclo de nascimento e morte de estrelas contribui constantemente para um aumento na abundância desses elementos, um pré requisito básico para a formação de planetas “terrestres” e subseqüentemente para a formação de Vida (astronomy + biology) Esses elementos são excitados por colisões moleculares, e seu retorno para o estado estável de níveis de energia dispara energia via radiação UV em um caminho mais eficiente do que colisões de H. Assim, o resfriamento do gás interestelar aciona a fragmentação da nuvem e ativa a perda de massa como o nosso Sol. ( o nosso Sol tem um tempo limite estável de aproximadamente 10 bilhões de anos, tempo suficiente para a formação de planetas e o desenvolvimento de alguma forma de vida) Entendendo o começo do universo e os processos nos quais modelaram-no é extremamente relevante para a questão da formação de planetas terrestres e a conseqüente formação da vida.
domingo, 14 de setembro de 2008
EXPRESSÕES CONTRÁRIAS
Mas quando chega o mês de Setembro viram gaúchos instantaneamente! Querem andar a cavalo, laçar e usar bombacha - hoje em dia até as mulheres andam de bombacha, no caso seria uma inversão de papéis ao meu ver... Mas vai entender as mulheres, não é?! Nos preocupemos com esses de fato, com esses de deturpam a nossa tão rica cultura, expressando esse “amor à querência” em ritmos de axé e forró - nada contra esses ritmos musicais, mas são expressões de uma cultura popular de uma outra região, com raízes e formação diferentes e meramente semelhante com a nossa. Ou ainda pior, ousando criar um ritmo musical chamado de “tchê music” para cantar as “tradições da nossa terra...” Deplorável a situação em que nos encontramos em termos musicais e de identidade cultural.
Essa semana saiu no Zero Hora uma lista que , na minha opinião, seria um mandato e não uma lista opcional de leitura. Listando os principais livros e obras que relatam com sinceridade e simplicidade, principalmente, a cultura do gaúcho. Podemos citar a maior obra de todas do regionalismo: a triologia do Tempo e o Vento do Érico - ou Os Varões Assinalados do Tabajara Ruas. Essas são umas de tantas outras maravilhas da nossa literatura! Mas vale conferir no jornal as opções de ótimas leituras - só assim tu poderás conhecer realmente como se formou a nossa cultura e assim pensarás e olharás com outros olhos esses festejos tão difamados pela cultura “pop” e niilista da nossa sociedade contemporânea; e vale lembrar o Ângelo Franco: “ A autenticidade é a maior diferença entre os que são e os que tentam ser...”
FILO PLATYHELMINTHES = ou vermes achatados
2) TREMATODA - parasitas - Schistosoma , Fasciola hepatica
3) CESTODA - parasitas - Teania solium, Taenia saginata
PLATYHELMINTHES = Do gr. verme + achatado e não chato; no sentido de uma pessoa insuportável
Os platelmintos são, em sua maioria, vermes aquáticos pequenos, de corpo mole e que não se enterram, mas ao contrario se movem entre os sedimentos, entre as rochas, em fendas estreitas e no tecido de seu hospedeiro. Todos não possuem celoma. Compreendem aprox. atualmente conhecidos 20.000 espécies, muitos grupos taxionômicos e muitos estilos de vida. A grande diversidade dos platelmintos e suas curiosas formas de vida é que nos fascina, mas principalmente onde eles são “amigos” e “adversários”? Por eles terem uma transição evolutiva - de organismos de vida livre a parasitas nos quais flagelam a humanidade. Pelas suas características morfológicas são considerados animais epizóicos (gr. í = em cima; sobre - animal) ; vivendo também em comensalismo.
Os indivíduos que compreendem essas três classes são os bilatérios mais basais (não gosto de usar primitivo porque denota uma idéia de antiquado, ultrapassado e arcaico - e realmente para esses animais essa denotação não valeria , pois eles evoluíram e permaneceram no ambiente e continuam a existir. Se a sua existência de fato significasse a denotação desse vocábulo certamente eles seriam estudados como criaturas fósseis ou algo do tipo) O sistema nervoso desses organismos são constituídos de gânglios nervosos; um sistema nervoso distribuídos em rede, atingindo toda a extensão corporal - como se fosse uma rede de vôlei - abrangendo todo o corpo e respondendo aos estímulos externos. Essa organização se dá de modo a um par de gânglios conectados a dois cordões nervosos onde se distribui essa rede nervosa e na parte apical a presença de ocelos. O sistema excretor é caracterizado pela presença de nefrídeos presente também em toda a extensão do corpo. Os platelmintos não possuem sistema circulatório - o sistema hemal e o celoma estão ausentes, e assim são animais limitados pela difusão - célula a célula, distâncias entre origem e destino devem ser curtas em todos os sistemas de transporte, incluindo aqueles para gases, nutrientes e resíduos metabólicos.
Talvez a questão principal sobre esses organismos é a ausência dos sistemas hemal e celômico é primaria ou secundaria. Os platelmintos evoluíram via pedomorfose, de um ancestral celomado de corpo grande, ou sua anatomia relativamente simples indica um estado primitivo? (sentido real do termo) A maioria dos morfologistas aceita facilmente o caráter primitivo dos platelmintos. Mas historicamente, alguns estão desafiando essa opinião, e estudos recentes oriundos da sistemática molecular têm questionado essa interpretação tradicional. Está em risco a concepção do bilatério ancestral: Era esse pequeno ou grande? Celomado ou acelomado? Teria ele um ciclo de vida que incluía um adulto celomado grande e uma larva acelomada pequena? O ponto principal dessa controvérsia é Platyhelminthes. Encontrar seu grupo-irmão e sua verdadeira posição entre os bilatérios são as indagações permanentes na pesquisa filogenética contemporânea. A reprodução é por libertação de gametas seguida de fertilização externa ou fertilização interna - no caso uma impregnação hipodérmica. O macho lança na fêmea uma injeção de esperma e então se dá todo o processo...
sábado, 13 de setembro de 2008
....Traçando os passos chave para a vida!
(foto: sulfolobus)
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Estamos sozinhos no Universo ?!
Marte é o principal e mais acessível laboratório planetário para o teste experimental da hipótese exobiológica. Frustração das Viking levou o planeta a um esquecimento temporário.
por Eduardo Dorneles Barcelos e Jorge Alberto Quillfeldt
Levantamentos por satélites devem desvendar muitos dos mistérios marcianos
A hipótese exobiológica, ou seja, a hipótese de que existe vida em outros locais do Universo,é antiga como nossa civilização, tendo experimentado sucessivos ressurgimentos em função de determinadas descobertas científicas: desde os "canais de Marte", equivocadamente descritos por Lowell no final do século 19, até o impacto dos experimentos de síntese de biomoléculas em ambientes primitivos simulados por Stanley Miller em 1953. Sempre houve breves ciclos de euforia seguidos de longas pausas céticas. Após milênios de especulações sobre a possibilidade de que não estejamos a sós no Universo, a ciência deflagrou um aparato de investigação para a busca de formas de vida, inteligentes ou não, localizadas no Sistema Solar ou entre as estrelas.Tudo começou no final dos anos 50, quando o vôo espacial ainda engatinhava e a própria biologia moderna recém iniciava sua revolução. Naquele momento não tínhamos ferramentas para testar in loco a hipótese exobiológica. Porém, se o bom senso sugeria que a vida era possível em outras paragens, por que também não vida inteligente? Daí a supormos a existência de civilizações tecnológicas com capacidade de comunicação, era um passo. A vantagem estava em que, se tais civilizações existissem e empregassem ondas de rádio como fazemos, já dispúnhamos de tecnologia capaz de detectá-las, bastando um programa sistemático de busca. Foi o que propuseram Cocconi e Morrison em artigo publicado na revista Nature em 1959. O que antes não passava de um prudente capítulo final em alguns livros-texto de astronomia, atingiu o status de hipótese científica testável experimentalmente, algo essencial. A ciência não aceita hipóteses que não possam ser testadas de alguma forma.Em abril de 1960, no Observatório Nacional de Radioastronomia, em Green Bank, na Virgínia Ocidental, o radioastrônomo americano Frank Drake iniciava-se a busca de civilizações extraterrestres por sinais de rádio, também conhecida como Seti (sigla em inglês para "busca de civilizações extraterrestres").
Frank Drake, pioneiro no uso de radiotelescópio para a detecção de eventuais mensagens das estrelas
Quatro décadas de busca, porém, não parecem ter sido suficientes, pois até hoje nada foi encontrado. Isso pode significar que não há nada, como temem alguns. Mas podem indicar que essa procura não é algo simples e direto. A ausência de sinais de civilizações extraterrestres não prova que elas não estejam lá, que não tenham estado, ou que não venham a estar um dia, mas é profundamente incômoda, como as sereias de Kafka, que -têm uma arma ainda mais fatal que seu canto, que é o seu silêncio - (do conto "O Silêncio das Sereias", de Franz Kafka) SETI@home: participação popular na pesquisa CENTO E SETE SEGUNDOS DE SINAIS DE RÁDIO REGISTRADOS em uma banda com 2,5 milhões de Hz de largura centrada no "buraco d\\'água" (1420 MHz) e cobrindo ponto a ponto (setores de 0,1o X 0,6o) cerca de 1/3 de toda a abóboda celeste. Nisto consiste o mais importante projeto Seti da atualidade, realizado na antena de Arecibo, em Porto Rico. O problema da interpretação destes registros supera, em muito, as eventuais dificuldades em fazê-los. A quantidade de informação bruta acumulada para se analisar é espantosa e exigiria muito tempo de processamento, mesmo com os melhores e maiores computadores disponíveis. Uma solução criativa recente foi o projeto SETI@home (http://setiathome.ssl.berkeley.edu/), original em sua eficiência e baixo custo, pois divide os registros brutos em milhares de pequenos pacotes distribuídos pela Internet a voluntários em todo o mundo que processam, em seus computadores pessoais, a análise matemática dos sinais utilizando um programa embutido em um protetor de tela. Com isso se "pega carona" na enorme ociosidade da maioria dos computadores domésticos. O plano original previa 100 mil voluntários em 1999, mas, hoje, já passam dos 4,7 milhões os entusiastas que usam seus PCs para fazer algo mais que apenas escrever textos e navegar pela Internet: o número total de horas de processamento ultrapassou 1,66 milhão de anos. O projeto original já foi completado e 1.430 "candidatos", isto é, sinais gaussianos confirmados, presentemente sendo reobservados e reanalisados em maior detalhe. Esta concepção de computação distribuída revelou-se tão revolucionária e eficaz que já começa a estender-se a outras áreas como a biologia molecular (folding@home) e a climatologia (climateprediction.net). O projeto Astropulse de astrofísica está, no momento testando a interface Boinc - Berkeley Open Infrastructure for Network Computing, que pretende disponibilizar computação distribuída de forma genérica e flexível a qualquer área de pesquisa que demande tão larga escala.PROJETO VIKING, que fez duas naves descerem em Marte nos anos 70, sofreu críticas por ser pouco imaginativo e buscar formas de vida não muito diferentes das terrestres. Frustração em encontrar sinais de compostos orgânicos contradiz expectativa de sua ocorrência, especialmente em função da constante colisão de meteoritos, trazendo moléculas orgânicas complexas ou formas elementares de vida. Vikings em MarteNA INVESTIGAÇÃO DO SISTEMA SOLAR OS ESFORÇOS não diminuíram, até porque há interesses econômicos e político-estratégicos em jogo, como o acesso a matérias-primas. O primeiro estudo exobiológico in situ foi realizado pelas sondas Viking I e II da Nasa, que desceram em Marte em 1976. Marte sempre foi tido como o mais promissor planeta de "tipo terrestre" potencialmente capaz de abrigar vida hoje, ou de tê-la abrigado no passado.
PROJETO VIKING, que fez duas naves descerem em Marte nos anos 70, sofreu críticas por ser pouco imaginativo e buscar formas de vida não muito diferentes das terrestres. Frustração em encontrar sinais de compostos orgânicos contradiz expectativa de sua ocorrência, especialmente em função da constante colisão de meteoritos, trazendo moléculas orgânicas complexas ou formas elementares de vida.
As Viking portavam a primeira bateria de ensaios experimentais capazes de levantar indícios de vida microscópica, segundo a melhor compreensão da época: testes químicos simples com amostras do solo em busca de evidências de processos metabólicos que liberassem ou captassem de determinadas moléculas gasosas. A esperança era obter indícios da presença de microrganismos semelhantes aos terrestres no solo marciano. Mas os resultados foram ambíguos, se não negativos. Para cúmulo, não se detectou qualquer composto orgânico na superfície de Marte, o que era surpreendente, pois no mínimo haveria material deste tipo introduzido por meteoritos que sempre bombardearam aquele mundo.Anos mais tarde começaram a surgir novas evidências que explicariam os resultados negativos: além da descoberta de algumas argilas capazes de atuar como eficientes catalisadores e "imitar" reações metabólicas, outro elemento-chave seria o papel dos superóxidos de ferro concentrados próximos ao solo marciano. Este material seria gerado pela intensa incidência de radiação ultravioleta solar sobre os óxidos de ferro presentes nos minerais de cor vermelha característicos do planeta (por isso Marte é vermelho). Devido à fraca gravidade, Marte possui uma atmosfera muito tênue, com quase nenhum oxigênio, razão pela qual não dispõe de uma camada de ozônio capaz de barrar radiações nocivas como o UV. Trata-se, portanto, de uma superfície completamente inóspita a qualquer tipo conhecido de microorganismo, e até mesmo para a maioria das biomoléculas. Ou seja, deveríamos começar a vasculhar abaixo do solo. Isso só será possível a partir das novas expedições que chegarão ao planeta.A Nova AstrobiologiaALGUNS CRITICAM OS EXPERIMENTOS DASVIKING por terem sido pouco imaginativos e buscar apenas o que já se conhecia. Afinal, a vida poderia ser um fenômeno muito mais complexo e distinto do que conhecemos na Terra. Questiona-se, assim, por que buscar metabolismos - do tipo terrestre - , que eliminem CO2 e/ou consumam H2O, ou mesmo que se baseiem no carbono. Neste ponto devemos destacar a lição de método científico que nos provê este primeiro experimento exobiológico real. Muitos crêem que a ciência tudo pode, mas essa expectativa não é real. Para atender aos critérios de refutabilidade, consistência e reprodutibilidade a ciência deve avançar com cautela e elaborar hipóteses de trabalho testáveis, portanto, essencialmente conservadoras. Somente conhecemos um tipo de metabolismo, com poucas variações. Nossa biologia somente compreende seres vivos baseados em moléculas de carbono, água e confortáveis superfícies planetárias, ou seja, condições relativamente constantes (e baixas), de temperatura, pressão, campo gravitacional e radiação ionizante. É dentro deste saudável conservadorismo metodológico que a exobiologia - ou astrobiologia, como vem sendo chamada mais freqüentemente - opera suas primeiras buscas, uma tarefa complexa que demandará décadas de esforços das melhores inteligências científicas. Aqui, a distinção entre ciência e ficção científica (ou a pseudociência) é decisiva. A ficção existe para nos encantar e motivar, mas somente a ciência é capaz de descobrir e comprovar.As Características da VidaOS BIÓLOGOS SEMPRE FORAM MUITO CRÍTICOS DO PROJETO SETI, em parte pelo estágio em que se encontravam seus conhecimentos. Em sua percepção, a vida era concebida (a) como um evento raro e (b) um processo extremamente delicado, restrito necessariamente a certas condições muito especiais. Foi somente com a descoberta de uma nova classe de criaturas - os extremófilos - que esta visão se modificou.
Extremófilos são organismos unicelulares (bactérias e arqueobactérias) capazes de viver e reproduzir-se em ambientes antes considerados demasiadamente "extremos" para permitir a vida. Nas últimas duas décadas diversos microrganismos, e mesmo organismos maiores desse tipo, foram descritos: bactérias capazes de viver em águas a até 113oC, no gelo a -15oC, sob centenas de atmosferas de pressão, em ambientes extremamente ácidos (ou alcalinos), de alta salinidade, quimicamente letais (com metano ou gás sulfídrico), ou até mesmo bactérias resistentes a doses de radiação muito acima do limite máximo tolerável para os seres humanos. Mais estranhos ainda são os microrganismos litoquimioautotróficos, que vivem no interior de rochas a alguns quilômetros de profundidade e sobrevivem independentemente de oxigênio e luz solar. Esses achados indicam que a vida na Terra exibe tenacidade e amplitude de nichos muito mais vastas que se imaginava. Sugerem, portanto, uma maior diversidade de contextos bióticos extraterrestres que vale a pena investigar. Assim, a astrobiologia conseguiu atrair o interesse dos biólogos para uma área que era, antes, domínio quase exclusivo de astrônomos e físicos, mas o enfoque também deslocou-se da Seti para a busca de microrganismos.Marte AtacaMARTE RETORNOU AO NOTICIÁRIO EM 1996, quando uma equipe de investigadores da Nasa anunciou ter descoberto evidências de vida microscópica fóssil em um meteorito oriundo desse planeta, encontrado na Antártida. Se confirmada, a descoberta dos exobiólogos americanos colocaria um ponto final em uma longa controvérsia filosófica, religiosa e científica, ao assegurar a presença - passada, neste caso - de uma forma de vida não-terrestre. Processos estritamente inorgânicos, porém, foram aventados para explicar a presença das moléculas orgânicas detectadas na rocha e, além disso, nenhum fóssil terrestre de dimensões comparáveis foi encontrado até o momento. Aliás, se fossem fósseis verdadeiros, pertenceriam a organismos pequenos demais para constituir seres viáveis, 1.000 vezes menores que a menor bactéria conhecida. Marte é um dos planetas mais semelhantes à Terra no Sistema Solar, principalmente por situar-se, se não dentro, muito próximo à zona de habitabilidade, uma faixa ao redor do Sol situada a distâncias que permitem temperaturas compatíveis com a presença de água líquida. Apesar de sua posição, porém, Marte é menor e menos denso que a Terra, o que implica em uma gravidade superficial equivalente a um terço da nossa. Essa diferença tem conseqüências graves, pois sua atmosfera não consegue reter moléculas mais leves como o oxigênio ou o vapor d\\'água, predominando o CO2, e, mesmo assim, em baixíssimas pressões. Vale lembrar que sob pressão tão baixa a água não ocorre na forma líquida, o que representa uma dificuldade para a presença de vida hoje na superfície de Marte, ainda que não exclua a possibilidade de esta presença em passado remoto, há mais de 3 bilhões de anos, quando a atmosfera era mais densa. Marte, por tudo isso, é o principal e mais acessível laboratório planetário para o teste experimental da hipótese exobiológica. Após a frustração dos experimentos da Viking seguiu-se um intervalo de quase 20 anos em que o planeta foi esquecido. Missões russas, americanas, japonesas e européias voltaram a enfocá-lo na última década, e em poucos anos nosso conhecimento sobre Marte aumentou mais que em toda história anterior (ver "As Misteriosas Paisagens de Marte", SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, julho de 2003). Dentre todas as características da superfície marciana evidenciadas pelas imagens de altíssima qualidade da missão Mars Global Surveyor (Nasa, 1997), destacam-se os inúmeros indícios de atividade hidrológica passada, com a possibilidade de alguns eventos menores e recentes. Até maio de 2002, contudo, a água de Marte não passava de uma sugestão baseada em evidências indiretas: neste mês, foi confirmado, pela sonda Mars Odyssey (Nasa), a presença de água, certamente congelada, abaixo da superfície empoada e estéril de Marte, possivelmente o mais importante achado exobiológico neste século.
Entre este mês e o começo de 2004, Marte voltará aos noticiários em grande estilo, quando nada menos que quatro novas sondas estarão chegando ao planeta vermelho para estudá-lo. A Nozomi/Planet-B (Jaxa/Japão, 1998) possui um módulo orbital que estudará a atmosfera e a ionosfera de Marte. A Nasa enviou este ano dois rovers, os Mars Exploration Rover Mer-A e B em duas naves, a Spirit e a Opportunity, que realizarão ensaios geológicos e de busca de água. A mais exobiológica destas missões, porém, é a européia Mars Express (Esa), que inclui um módulo orbital e um de pouso, o Beagle 2, cujo nome homenageia a embarcação em que Charles Darwin elaborou a teoria da evolução. Apesar de não ser tão móvel e autônomo quanto os Mer, ele será capaz de responder a três perguntas básicas: (1) se existe água, carbonatos e matéria orgânica (há condições para a vida?); (2) se a matéria orgânica tem estrutura ordenada e que proporções de isótopos do carbono possui (surgiu vida em algum momento?); (3) se há metano na atmosfera de Marte (há vida em atividade hoje?).O Legado de um Ancestral ComumUMA POSSIBILIDADE SURPREENDENTE É QUE DETECTEMOS vida microscópica em Marte mas ela venha a ser exatamente igual à terrestre, isto é, seja composta exatamente pelas mesmas biomoléculas, com o mesmo código genético. Isto provaria que derivamos, todos, de um mesmo ancestral comum, como é o caso de todos os seres vivos terrestres conhecidos até o momento. Como prova o próprio meteorito marciano ALH84001, rochas de um planeta podem ser ejetadas (por erupções ou impactos) e "viajar" até outro mundo levando matéria orgânica e, possivelmente, bactérias extremófilas que poderiam sobreviver a esta jornada dentro da rocha e inseminar vida em planetas vizinhos (possibilidade teórica chamada de panspermia balística).Assim, é possível que organismos terrestres tenham colonizado Marte em algum momento do passado ou, ao contrário, a vida terrestre tenha vindo de lá, onde o solo e a atmosfera se estabilizaram antes. Descobriríamos ser "marcianos". Mas restaria um grande problema: o número N de formas de vida conhecida no Universo continuaria sendo 1 (apesar de o número de planetas ser 2). E com N=1 a hipótese exobiológica ainda não estaria verdadeiramente comprovadaDepois de Marte, os melhores candidatos a abrigar a vida no Sistema Solar não são planetas, mas luas orbitando gigantes gasosos como Júpiter e Saturno. Europa, por exemplo, uma das quatro maiores luas jupiterianas, mostrou características incomuns desde as primeiras imagens das sondas Voyager no fim dos anos 70: uma superfície quase sem relevo, sete vezes mais brilhante que nossa própria Lua e constituída basicamente por gelo de água. As imagens da sonda Galileo na segunda metade dos anos 1990 revelaram surpreendentes detalhes dessa lua glacial, com padrões possivelmente causados por sucessivos derretimentos e movimentos das placas de gelo, cuja explicação pode residir na existência de um oceano líquido por baixo da capa glacial. Isso, apesar de ainda não inteiramente comprovado, é perfeitamente possível se considerarmos que Europa, devido à excentricidade de sua órbita, sofre um forte efeito de maré gravitacional de seu planeta-mãe, Júpiter. Como conseqüência, Europa deve possuir um núcleo metálico quente e fundido que serviria de base para alguma atividade geológica submarina.
A prospecção do oceano de Europa não é tarefa simples e vem cercada de uma série de cuidados para evitar contaminação por microorganismos terrestres. Estudos preparatórios estão sendo feitos na Antártida (ver "Exobiologia na Antártida") onde há lagos enormes aprisionados sob quilômetros de gelo há milhões de anos, como o Vostok. Também estão sendo testados robôs submarinos autônomos junto às fumarolas submarinas de Lo-ihi, no Havaí. Com as lições de Vostok e Lo-ihi, estaremos preparados para perfurar a calota de Europa em busca de evidências de vida, mas isto não deve ser levado a cabo antes da segunda década deste século. DOS ENIGMAS DE EURORA, UMA DAS QUATRO GRANDES LUAS DE JÚPTEREuropa, uma das luas de Júpiter descobertas por Galileu em 1609, pode ter um oceano profundo encobrindo um núcleo rochoso, com uma superfície gelada como os mares polares na Terra. Perfurar a camda de gelo e mergulhar um robô no oceano de Europa pode abrir uma nova fronteira para a compreensâo da natureza e da diversidade da vida.As Brumas de TitãOUTRO INTERESSANTE CANDIDATO É TITÃ, a maior lua de Saturno, que chega a ser maior que o planeta Mercúrio. Titã é o segundo maior satélite do Sistema Solar (atrás apenas de Ganimedes) e o único que possui atmosfera densa. Apesar de muito distante do Sol, Titã deve possuir um intenso efeito estufa em sua atmosfera predominante de nitrogênio, metano e hidrogênio gasoso, opaca à luz. Apesar disso, sua superfície foi mapeada em infravermelho pelo Telescópio Espacial Hubble, revelando um relevo diversificado que, supõe-se, pode incluir lagos de etano regados a chuvas de metano. Titã parece ser um ambiente propício para a síntese pré-biótica de vida, por isso será estudado em 2004 pela sonda Huyghens.Durante séculos supôs-se a existência de planetas ao redor de certas classes de estrelas. Somente nos últimos poucos anos, porém, começamos a detectar os primeiros planetas extra-solares. A coleta extensiva de dados de estrelas próximas combinada ao desenvolvimento de novas técnicas associadas à astrometria permitiu a ampliação da capacidade de detecção planetária extra-solar a partir de 1995.
Desde então, dezenas de planetas têm sido comprovados, quase que semanalmente, por diferentes técnicas. Embora submetidos a certas restrições metodológicas que fazem com que somente planetas gigantes gasosos sejam detectáveis, o número total oficial já passou de 100. Diversos programas empregando diferentes técnicas observacionais estão em andamento, tanto em terra (Elodie, Coralie, VLTI, Keck I), quanto no espaço (Fame, Sim, Gaia). Observações mediante satélites especiais começam a somar esforços, como é o caso da missão Corot (Esa) - com participação brasileira -, e culminarão, na próxima década, em dois sistemas espaciais de interferometria de grande sensibilidade, o TPF - Terrestrial Planet Finder (Nasa) e o Darwin (Eso): livres da interferente atmosfera terrestre, poderão fazer registros em comprimentos de onda como o infravermelho, sendo capazes de detectar pequenos planetas de porte semelhante ao nosso e analisar suas atmosferas em busca de promissoras bioimpressões (biosignatures), como vapor d\\'água, oxigênio, ozônio e metano. Enquanto não pudermos viajar até lá, estas bioimpressões serão tudo que teremos para inferir a existência de vida nesses mundos distantes.